Foto: MST

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O clima esquentou na reintegração de posse no Açu, distrito de São João da Barra. Na manhã de ontem, quarta-feira (26), policiais acompanhados de oficial de justiça, retiraram pequenos produtores rurais de suas terras, no distrito industrial do Açu, onde três integrantes da ocupação – incluindo integrantes do MST e da Asprim [Associação dos Produtores Rurais de São João da Barra] – foram detidos e levados para a delegacia.  Todos os acessos à ocupação foram fechados para impedir que a população entrasse na área.

De acordo com informações da polícia, dois três homens apenas um, que não teve a identificação revelada, ficou preso por motivo de furto.

A retirada dos camponeses aconteceu em cumprimento de mandado judicial de reintegração de posse. Os ocupantes estavam nas terras desde o último mês de abril, oito anos após Eike Batista e Sérgio Cabral desapropriarem, por meio de um esquema, 500 famílias de pequenos produtores, para a construção do Superporto do Açu, um empreendimento de US$2,4 bilhões, projetado como o maior superporto das Américas, e de impacto ambiental incalculável.

Na última quarta-feira (19), os camponeses fecharam duas rodovias – a BR 356 e a RJ 240 -, em protesto contra a reintegração de posse expedida em 14 de julho pelo juiz Paulo Maurício Simão Filho, que coloca as terras dos pequenos produtores nas mãos da Codin, GSA e Superporto do Açu e ainda autoriza o uso de força policial caso houvesse resistência por parte dos camponeses. Há oito anos, o então governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral, promulgou os decretos 41.195/2009, 42.675/2010 e 42.676/2010, que desapropriou as terras, mesmo contra a vontade de pequenos produtores, que sempre viveram naquelas terras, onde mantinham suas plantações – na época, alguns receberam indenizações [todas em valores irrisórios] e outros chegaram a ser detidos por “resistência à desapropriação”.