A água já tomou cerca de 14 quarteirões e mais 700 casas foram engolidas pelo mar

Foto: Parahybano

O mar segue avançando em São João da Barra. Desta vez, na tarde desta quinta-feira, 21, uma parte de um muro de uma residência em Atafona caiu, casas e ruas ficaram alagadas pelas águas do mar no Açu. Uma família, que teve a casa invadida no 5º Distrito, está sendo atendida pela secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos.

Uma parte do muro da residência de Sônia Ferreira, em Atafona, desabou com a força das ondas.

De acordo com a assessoria da prefeitura de São João da Barra, após analisar a tábua de maré, prevendo para essa semana maré de até 1,70, com previsão de ressaca, a Coordenadoria de Defesa Civil utilizou caminhões de areia para formar uma barragem e evitar a chegada da água em pontos mais vulneráveis da praia. No entroncamento das ruas Nossa Senhora da Penha com Feliciano Sodré, onde fica a residência que teve parte do muro derrubada, também já foi realizada recentemente contenção com areia e sacos de areia e novas ações emergenciais no local estão previstas.

Foto: Leitor Parahybano

A areia utilizada foi proveniente da limpeza e manutenção da Avenida Atlântica, para retorno ao mar, atendendo a condicionante da licença ambiental do Inea.

Ainda segundo a prefeitura, está agendada, para o próximo dia 28, uma reunião com Ministério Público Federal, representantes da sociedade civil, órgãos públicos e especialistas para discutir alternativas para o fenômeno da erosão costeira que seja economicamente viável e ambientalmente sustentável.

O coordenador da Defesa Civil, Wéllington Barreto, disse que equipes estão de plantão e orienta a população, principalmente das praias de Atafona e Açu, que em caso de urgência façam contato com o órgão através do número 27417878 – ramal 281.

Foto: Parahybano

Um projeto de bombeamento artificial de dunas para crescer ou “engordar” a praia de Atafona, com areia compatível à da praia é um dos estudos de viabilidade, que depende de trâmites ambientais.

Uma história que jamais será esquecida em Atafona, 2º distrito de São João da Barra, é o avanço do mar que a cada dia constrói um novo cenário atrativo para turistas e visitantes. O Açu, 5º distrito, também vêm sofrendo com a fúria do mar. Segundo especialistas, o que acontece é um fenômeno de transgressão do mar, que nos últimos 35 anos avançou três metros a cada 12 meses. A cada ano o mar avança cerca de 3 metros.

No início dos anos 70, magníficos casarões foram sendo construídos, sendo o primeiro, da Indústria de Bebidas do empresário Hugo Aquino, na rua Capitão Nelson Pereira e assim as águas do mar vieram invadindo trechos da praia mais próximos à foz do rio, destruindo tudo que estava a sua frente.

Em 2017, avanço do mar em Atafona fez Carla Machado decretar situação de emergência

Foto: Parahybano

A prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PP), decretou situação de emergência nas áreas do município afetadas pela erosão costeira. O documento é datado de 26 de julho, mas foi publicado no sábado (29) no Diário Oficial do município. O texto observa “que se medidas urgentes não forem tomadas, com o apoio do Estado e da União, para conter a mencionada erosão costeira/marinha, graves danos repentinos poderão ser causados, que poderão resultar em prejuízos ainda mais graves à população local, à economia e ao meio ambiente”. As ruas Minervina da Silva Pereira e Alvinópolis, na Baixada, são citadas no documento como as que vêm sofrendo com as investidas do mar, de forma incessante, desde maio.

Esta é a primeira vez, em mais de 50 anos de registros sobre o mar avançando em Atafona, que a administração pública toma a atitude de decretar a situação de emergência. Pelo trâmite em outras cidades que sofrem com a erosão, como SJB, o decreto terá de ser reconhecida pela Defesa Civil Estadual e, posteriormente, pelo Ministério da Integração Nacional, para que verbas para suporte sejam liberadas para o município. Há de se destacar o papel dos movimentos populares Atafona Resiste e SOS Atafona, com protestos e reuniões, para que a medida fosse adotada.

Foto: Parahybano

Nos “considerandos” do decreto, Carla observa que o fenômeno em Atafona “já destruiu e vem destruindo muitas casas, estabelecimentos comerciais, prédios públicos e outros, colocando em risco a população e causando graves danos de natureza humana patrimonial e ambiental”. O documento relata que a situação “vem se agravando repentina e consideravelmente nos últimos meses e semanas”. No texto também é mencionado o “repentino e intenso assoreamento na foz do Paraíba do Sul, o que vem prejudicando a principal atividade econômica local, a pesca, além de estar destruindo os manguezais”.

Fica autorizada “a mobilização de todos os órgãos municipais para atuarem sob a coordenação da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, nas ações de resposta ao desastre e a reabilitação do cenário e reconstrução”. Um dos artigos do documento dispõe sobre a autorização da “convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta ao desastre e a realização de campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade, com o objetivo de facilitar as ações de assistência à população afetada pelo desastre”.

Primeira matéria publicada sobre o avanço do mar em Atafona

Foto: Fernando Antônio Lobato

O jornal ‘Voz de São João da Barra’ no dia 22 de agosto de 1974, trouxe a primeira matéria mostrando a fúria do mar que ameaçava casas do Pontal, em Atafona. Naquela época, como consta no jornal, a construção de um dique de pedras de 150 metros poderia resolver o problema dos pescadores do Pontal. Com o passar dos anos, um novo cenário vem sendo construído e casas estão sendo devoradas pelo mar avassalador.

O Pontal é conhecido também pelo grande encontro do rio Paraíba do Sul com o mar que atualmente sofre com a falta d’água e vem perdendo força.

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Foto: Parahybano

Foto: Leitor Parahybano