Brasil-terá-25-fábricas-de-carros-e-comerciais-leves-até-2015

Foto: Divulgação

O grupo chinês JAC Motors já admite a transferência do projeto de construir uma fábrica da Bahia para o Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente na área industrial do Porto do Açu, em São João da Barra. As negociações, por enquanto, estão sob sigilo absoluto. Nem a Prumo Logística nem a secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico Janeiro comentam o assunto. A montadora chegou a cogitar construir uma planta no Estado do Rio só para caminhões, mas as negociações com o governo fluminense avançaram para a transferência de toda a linha de produção, incluindo a de automóveis.

Fontes do mercado afirmam que, sem os incentivos federais para a operação, a exemplo do que conseguiram a Ford na Bahia e a Fiat em Pernambuco, a fábrica da JAC em Camaçari não é viável em razão da distância dos principais centros consumidores. Custos com transporte encarecem o produto. No Estado do Rio, além da proximidade das regiões Sul e Sudeste, o grupo terá incentivos estaduais e municipais similares aos oferecidos na Bahia, doação de área no Porto do Açu e financiamento da Agência Estadual de Fomento (AgeRio). Além disso, a montadora ainda contaria com um terminal para transportar os automóveis para outros centros consumidores, sem gastar muito com o frete.

Na próxima semana, executivos da JAC estarão na China para obter o aval da matriz à mudança. Se o novo projeto for aprovado, o anúncio deve ocorrer em meados de agosto.

A fábrica na Bahia, um investimento de R$ 1 bilhão, foi anunciada em novembro de 2011 e teve o lançamento da pedra fundamental um ano depois. Desde então, a área passou apenas por terraplenagem. O início das operações da fábrica, que teria capacidade para 100 mil carros ao ano e, posteriormente, 10 mil caminhões de pequeno porte, já havia sido adiado de 2014 para 2015. Os primeiros modelos a serem produzidos são as versões hatch e sedã da próxima geração do J3. As versões atuais disponíveis no país são importadas da China.

Se confirmar a transferência da fábrica para o Rio, a JAC terá de reembolsar o governo da Bahia por incentivos fiscais já concedidos e arcar com o prejuízo dos serviços feitos até agora, avaliados em quase R$ 15 milhões.

A secretaria de Indústria, Comércio e Mineração da Bahia reagiu à notícia da transferência, afirmando que a empresa aguarda a liberação de um financiamento da Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) para iniciar a obra civil.

Eike Batista tentou trazer três montadoras

Não é a primeira vez que os chineses se interessam pelo Açu. Em 2009, durante uma missão comercial à China, chefiada pelo então governador Sérgio Cabral e que teve a participação da ex-prefeita de São João da Barra, Carla Machado, o empresário Eike Batista, na época controlador do grupo que construía o Porto do Açu, chegou a anunciar que três montadoras chinesas, Byd (Build Your Dreams), Chery e Jac estariam interessadas em instalar unidades de produção na área industrial do porto. A Byd fabricaria carros elétricos na planta de São João da Barra.

O governador Sérgio Cabral chegou a destacar que a ida para o Açu da gigante da siderurgia chinesa, Wisco, seria mais um facilitador para as operações das montadoras, porque elas contariam com chapas de aço no próprio porto. Mas a crise internacional acabou inviabilizando todos os projetos.

 

Fonte: Folha da Manhã